Capítulo Único

Fanfic: Please don't leave me

Classificação: +18

Gênero: Yaoi, Lemon, Drama (Tragédia).

Avisos: Homossexualidade, Linguagem Imprópria, Adultério, Suicídio.

Caro leitor, gostaria de lhe alertar que se você espera uma grande história de amor, com final feliz, achou a história errada.  Eu até vivia uma história de amor, mas como nada é para sempre, ela acabou, deixando cicatrizes que se abrem a toda hora, um vazio gigantesco em meu peito, e esse homem que já foi alegre e compreensível, se tornou um ser frio e oco, mas que nunca deixou de amar aquele que o desprezou.

 Sempre nutri uma paixão por Tókio.  Cidade cheia de vida, com luzes picando por todos os lados, gente de várias partes do mundo passeando pelas ruas.

Era uma noite esplêndida, o show tinha tudo para ser perfeito.  A única coisa que me incomodava era aquele ser me encarando, aquela criança birrenta que preferia acreditar nas baboseiras que os outros dizem do que no próprio namorado. 

-Lee Donghae, até quando vai ficar com o burro atado?

-Até você me dizer a verdade amorzinho. – Deu um sorriso sarcástico.

-Eu já te disse a verdade criatura! Não entendo como você pode acreditar naquela megera e não em mim!

-Calma ai estressadinho. Não precisa se exaltar não.

Eu iria retrucar se nós não tivéssemos chegado ao estádio.

Tudo corria bem, nos divertimos muito no palco. As ELF’s japonesas fizeram a “Onda Azul Safira”, o que fez com que nos sentíssemos em um verdadeiro oceano. Mesmo durante o show Donghae estava estranho. Lançamos o vídeo e fomos para o camarim para nos trocar e então vi Kyuhyun com uma expressão nada animadora, até meio assustada, conversando com Hae. Notaram que eu estava olhando, Kyuhyun encarou Hae e disse:

-Você tem certeza disso? Você sabe o que está pondo fora não é?

-Eu tenho absoluta certeza do que faço. –Donghae falou um tanto alto de mais, caminhando em direção ao palco.

Kyuhyun passou por mim e bateu em meu ombro.

-Pense bem no que você vai fazer, ele não sabe o que faz e com certeza irá se arrepender.

-O que você.....Fui interrompido pelo assistente de palco que nos chamava para retomar o show.

Durante as performances Donghae parecia tenso, sorria forçadamente e se manteve distante de mim, até que na “Club Nº. 1” ele começou a ir pra cima da dançarina.  Tentou bater na bunda dela, mas ela andou bem na hora, então a beijou. Ela ficou tensa, tentou disfarçar e continuou dançando, ele ficou com um sorriso sapeca e satisfeito no rosto. Não sei como consegui terminar a coreografia e o show, quando percebi estávamos nos despedindo dos fãs.

Deixamos o estádio e fomos para as vans, pedi para trocar de lugar com Minnie.

Chegamos logo no hotel, ele veio em minha direção com aquela carinha que antes me divertia por ser tão fofa e agora me despertara uma raiva tremenda.

Sai correndo pelas ruas desconhecidas daquela cidade. Ouvi vozes chamando por meu nome, mas não olhei para trás. Sentia-me um lixo, fui trocado e humilhado publicamente pela pessoa que mais amava. Será que fora mesmo vingança, ou teriam eles um caso há mais tempo? Eu não sabia nem gostaria de saber. Quando dei por mim estava em um campo, era um lugar alto, dava para ver a cidade toda, uma vista esplêndida. “Ele ficaria tão feliz se eu o trouxesse aqui...” Mas ele não merecia isso, não merecia meu amor.

Chorei a noite inteira jogado naquele gramado. Não preguei o olho nem por um minuto, não parava de pensar nele. Em tudo que passamos nesses anos para ficarmos juntos. Ele dizia que me amava, mas por um pequeno mal entendido resolveu acabar com tudo. Maldita IU! Teve que falar merda naquele programa, o assunto já estava esquecido, mas ela teve que colocar mais lenha na fogueira. Mas as merdas que IU falara não justificam a atitude de Donghae. Ele teve que por em prática sua “vingança”, e acabou cavando uma cratera em meu peito.  Não adiantaria ele se desculpar, vir dizendo que fez sem pensar.  Naquele momento eu percebi que não haveria mais volta. 

Você deve estar me achando um monstro insensível por não dar a chance dele se desculpar, por acabar uma história de amor por um pequeno desdize, mas meu estimado leitor, se você passasse todo o tempo que eu passei com ele, suportando todos os preconceitos, todas as crises de ciúmes, os mais diversos obstáculos e depois avalizasse os fatos e visse que ele não fez nenhum esforço para manter o relacionamento, que pelo contrário, a cada turbulência despejara toda culpa você, ai você me entenderia.  Quando se sobre tanto, por tanto tempo, com apenas um ato você se torna frio e calculista. 

Levantei-me e comecei andar novamente por aquelas ruas da cidade que admirava tanto e agora era o pior lugar do mundo. Enquanto ia andando liguei para Sora nonna e pedi para ela reservar a casa de Jeju, uma casa que sempre íamos em família passar férias quando era mais novo. Era meu refúgio. Ela me retornou dizendo que eu poderia pegar um avião para Seul hoje mesmo, e ela levaria meu carro ate o aeroporto para eu ir direto pra Jeju. Mesmo eu não falando nada sobre minha situação, minha irmã entendera que eu precisava urgente de um tempo afastado. Ela sempre me entendia.

Peguei um taxi e pedi para o motorista levar-me até o Hotel, e liguei para Shindong me esperar com dinheiro na entrada, pois eu não estava com minha carteira.

Assim que cheguei, Shin veio ao eu encontro, pagou o taxista e nos dirigimos para dentro do Hotel.

-Nossa mano, se ta um caco.

-Obrigada pelo elogio brother.

-Força Hyuk, tudo vai ficar bem.

-Não tenho certeza disso.

Entrei em meu quaro e lá estava ele, com os olhos inchados, deitado no meu lado da cama.

Fui até o banheiro, tomei um banho bem demorado, a água quente ia deslizando pelo meu corpo, tirando a tensão de uma noite não dormida. Enrolei minha cintura em uma toalha e sai do banheiro. Ele estava sentado em posição de lótus.

-Hyukkie, eu..eu..precisamos conversar e....

-Não Donghae- O interrompi. – Não temos nada para falar. Suas atitudes já disseram tudo. Não o olhei, peguei uma regata preta, uma box vermelha e uma calça jeans. Ouvi alguns soluços, ele estava chorando, mas suas lágrimas não me comoviam. Vesti-me e coloquei as roupas sujas na mala. Fui até a cômoda, peguei alguns objetos pessoais e também os coloquei na mala.

-Nosso avião sai amanhã, temos esse dia de folga.... Você não quer...

-Eu vou embora hoje. - O interrompi mais uma vez.

-Certo, vou arrumar minhas coisas

-Eu disse que EU vou embora hoje.

-Mas Hyukkie, e eu? E nós?

-Não existe mais um Nós desde que você fez aquilo.

-Você ta terminando comigo, é isso?

-Foi você quem acabou com tudo.

-Mas eu estava com ciúmes! Eu só queria chamar sua atenção! –Se jogou em meus braços chorando descontroladamente. –Hyukkie por favor, não me deixe! Eu te amo!

-Ama mesmo Donghae? Depois do que você fez, eu não consigo acreditar nisso.

-Como você pode duvidar do meu amor?- Me soltou vagarosamente e parou em minha frente.  Seus olhos esboçavam uma tristeza profunda.

-Pare e reflita sobre suas palavras. Adeus Donghae. – Peguei minha mala e sai. Deixe-o paralisado no quarto. Quando estava entrando no elevador ouvi seu grito.

-Hyukkie!

Vi ele se aproximando, mas a porta do elevador estava se fechando, quando ele chegou perto a porta se fechou por completo deixando de um lado um Donghae choroso e triste e do outro um Hyukjae frio e amargurado. 

Peguei um taxi até o aeroporto e comprei minha passagem, por sorte o vôo que sairia dali 10 minutos não estava lotado. Mandei uma mensagem para o Prince Manager avisando de minha partida e meu afastamento do grupo temporariamente. Me acomodei em meu acento e dei uma última olhada para Tókio.  Lá, na pista de embarque, lá estava ele gritando meu nome, fazendo o maior escândalo. Já era tarde, o avião decolara.

Chegando em Seul liguei para Sora e ela logo chegara com meu carro. Deixei-a na casa da Omma, e segui minha viajem. 

Chegando em Jeju peguei as chaves com  dono da casa, que morava a uma quadra do meu maravilhoso refúgio. Adentrei o local e joguei minha mala em um canto qualquer, me atirei no tapete felpudo da sala e lá fiquei por um bom tempo tentando por os pensamentos em ordem.

Será que eu estava fazendo a coisa certa? Será que eu deveria terminar minha história com Donghae assim? Não conseguia raciocinar direito com aquele maldito celular tocando. Várias mensagens e chamadas de Donghae e uma mensagem de Prince me dando bronca e apenas uma semana de afastamento. Desliguei o celular.

Nos dois primeiros dias nem sai para fora da casa.

No terceiro dia tive que ir ao mercado, pois a comida acabara. Quando estava voltando o mar pareceu-me atrativo. Fui à praia, mas me arrependi profundamente. Tudo me lembrava ele. O mar que possuía um azul intenso que ficava mais escuro gradativamente, a brisa calma que fazia um carinho gotoso em meu rosto e principalmente os peixes que de vez em quando davam o ar da graça.

Voltei para a casa e pus-me a chorar descontroladamente. Como eu sentia falta daquele cabeça dura, mas eu sabia que não conseguiria mais viver ao lado dele, não côo seu namorado, pois toda vez que beijasse seus lábios me lembraria daquela cena.

Quarto e quinto dia passei trancafiado novamente naquela casa.

Sexto e penúltimo dia eu resolvi ligar a televisão, e foi ai que meu mundo desabou de uma vez.

A repórter entrevistava o novo casal da SM: Lee Donghae e a dançarina vadia.

Ele parecia tão feliz ao lado daquela megera! E eu aqui, me escondendo do mundo, sofrendo por ele. Liguei meu celular e resolvi ler as suas mensagens. No inicio ele implorava para eu voltar, dizia que não iria viver sem mim. Depois ele mostrara conformidade com a situação, dizia que se essa era a minha escolha de nada ele podia fazer. E então ele começara a ameaçar-me, vou poupar-lhes dos detalhes sórdidos, vou apenas dar dois exemplos:

“ Se você não voltar eu vou te apagar de vez da minha vida. Lembra da dançarina? Ela não para de dar em cima de mim.”

“Você não vai nem me responder? Não se queixe depois se eu aparecer com outra!”

E então caro leitor eu lhe pergunto: Você ainda acha-me um cara frio e invencível e ele o coitadinho da história?

Você quer saber o que aconteceu? Simples. Nada, não aconteceu nada.

 Naquele dia eu chorei o tempo inteiro. Gritei, rolei pelo chão, implorei para Deus para acordar daquele pesadelo. Mas infelizmente eu não podia acordar, pois essa era a realidade.

Na manhã seguinte arrumei a casa, entreguei as chaves e o pagamento ao dono e voltei à Seul.

Avisei Prince que havia voltado e que iria morar por um tempo na casa da minha Omma e que no outro dia pegaria minhas coisas no dormitório.

Jantei com minha família, tomei um bom banho e dormi tranquilamente.

No outro dia fui buscar minhas coisas no dormitório. Estava terminando de encaixotar minhas coisas quando ele entrou no quarto.

-Você não tem nada pra me dizer? – Cuspiu as palavras.

-Na verdade, tenho sim. –Levantei-me e o encarei.

-Dia então. –Ele estava sério, não me olhava nos olhos.

-Eu espero que ela te faça feliz, porque eu não fui capaz de fazê-lo.

Fechei a caixa com fita adesiva, pequei o objeto que havia separado e o entreguei.

-Porque está me dado isso?

-Você escolhe o que vai fazer, ou taca fogo ou guarde esse presente que aquela fã nos deu e que guardamos com tanto carinho.

-Que diferença isso faz. –Ele largou o objeto recostado à parede.

-Na verdade, nenhuma. É, acho que é isso mesmo, nunca fiz diferença nenhuma em sua vida.

-E o que vai fazer agora? Vai sair do grupo? – Disse a última frase de forma irônica.

-Sei que é isso que você quer, ma não, não vou sair do grupo.

-E o fanservice?

-Achei que você deixaria isso de lado pela sua namoradinha... Mas não se preocupe, sei ser profissional, afinal fanservice é apenas fanservice, não é real.

Deixei o prédio e pedi para o rapaz do frete pegar minhas caixas e levá-las para casa da minha Omma.

Depois de um tempo comprei um apartamento e me mudei.

Seguimos com os shows como se nada tivesse acontecido.

O namoro de Donghae durou apenas dois meses. Mas nunca mais nos falamos direito, apenas o essencial para manter o grupo. Dez anos depois o grupo findou. Cada um seguiu suas vidas. Até hoje converso com alguns membros, principalmente Kyuhyun e Shindong.

Caríssimo leitor, você deve estar se perguntando o porquê de eu estar contando isso tantos anos depois.  Mas tem um motivo.

Depois que o grupo acabou Hae entrou em depressão. Ficou internado durante dois anos. Voltou para a casa da mãe em Mokpo e quando todos achavam que ele estava melhor, encontraram seu corpo desfalecido em seu quarto.

Lee Donghae deixou esse cruel mundo ontem. Juntou-se ao pai dele. Teve uma intoxicação após ingerir um coquetel de remédios. Ao lado de seu corpo encontraram o objeto que eu o entregara naquele dia. Uma imagem feita por uma fã, que nós emolduramos como símbolo de nosso amor. Em suas coisas acharam uma espécie de diário onde descrevera como foram seus dias sem mim.

Hoje é o velório dele, mas eu não vou comparecer.

Não me julgue! Não sou um monstro insensível não! Sou um amante à moda antiga. E se nesse mundo nosso amor não deu certo, quem sabe dê em outro...

Talvez Romeu e Julieta tenham tido um final diferente depois de suas mortes.

“Não importa o quanto machuque, tudo bem

Porque eu vou te ver agora

Porque eu senti tanto a sua falta

Durante o tempo em que estivemos separados.”